quarta-feira, 16 de março de 2016

Entre o Centrão e a Direita, a saída é pela Esquerda.

As "elites" foram para a rua ao lado de líderes políticos corruptos como Aécio e fascistas como Bolsonaro (acompanhado de pastores evangélicos oportunistas, que exploram a religião como comércio), somando forças a partidos como DEM e PSDB, que estão atolados em corrupção (sem falar nos "insanos irresponsáveis" pedindo a volta da ditadura militar).
Indivíduos oriundos da "classe média" e "classe média alta" berraram nas ruas para expressarem analfabetismo político, como marionetes de um plano internacional de subjugação do Brasil, por interesses estrangeiros atentos a maior reserva de petróleo descoberta no mundo nos últimos anos.
Não pensam nas consequências insensatas de tentarem derrubar, no grito e sem motivos suficientes, uma presidente , eleita democraticamente (ou seja, dentro das regras da democracia liberal burguesa) , para abrirem espaço para PMDB, que já controla a câmara dos deputados (com Eduardo Cunha, corrupto) e o senado (com Renan Calheiros, corrupto) sem falar em Temer (o vice de Dilma, também, envolvido em casos de corrupção).
Foram às ruas como fantoches de uma mídia privada (Globo e companhia), interessada em defender interesses de seus patrocinadores.
Nas ruas a “elite” somou força ao discurso entreguista de Serra (PSDB, partido que desvia verba de merenda escolar em SP , reprime manifestações de professores e estudantes, e fecha escolas) que pretende entregar o pré-sal para a exploração de empresas privadas estrangeiras , tirando a Petrobrás da jogada, e acabando com qualquer possibilidade de aplicação dos royalties do petróleo para a educação (o que hoje não passa de mera promessa).

Um juiz arrogante, com salário de mais de setenta mil reais e auxílio moradia de quatro mil e trezentos reais, que pensa ser pop star,  simpatizante do PSDB, arma um circo para liquidar com um partido que plantou seu próprio veneno ao se aliar com a Direita mais arcaica desse país e se distanciar das bases ; um partido ( o PT) que escolheu trair a classe trabalhadora e a Esquerda, com a desculpa de garantir a governabilidade ao lado de partidos da burguesia.
Moro ataca apenas PT, mas, esquece de partidos que aparecem com uma grande quantidade de nomes envolvidos no caso investigado pela operação "lava-jato"; nomes do PP, PMDB e ícones do próprio PSDB (como Aécio), partido ao qual é filiado, são esquecidos pelo tal juiz.

A Direita ganhando força e alimentando a desinformação, e o sentimento de ódio da classe média, de onde vem tirando fôlego para suas armações políticas, com apoio da mídia privada, arma o golpe contra o Centrão (PT e PC do B). Corremos o risco de sairmos de uma situação ruim, para cairmos em uma cem vezes pior.

As ameaças aos direitos dos trabalhadores são constantes nas unidades da federação governadas por partidos que hoje defendem, sem vergonha, pautas de Direita (liberais e conservadoras) tais como o PMDB-PP-PSDB-DEM, representando os interesses de grandes empresários e latifundiários que, há décadas, interferem, direta e indiretamente, na política brasileira. Governos desses partidos tentam dilapidar os serviços públicos e atacam ferozmente direitos trabalhistas, sucateando escolas e hospitais públicos, na intenção de abrirem espaço para a iniciativa privada de empresas que patrocinaram suas campanhas.

Querem atacar toda a Esquerda, confundindo o PT ( que está hoje no poder) com a Esquerda, como se toda a Esquerda fosse igual a esse partido. Mas, a verdade é que, a Esquerda jamais chegou perto do poder no Brasil.
PT chegou ao poder aliado à Direita, se comportando como Centro e expulsando as correntes mais radicais do partido (as que realmente pareciam fiéis aos ideais socialistas sob perspectiva marxista-trotskysta).
No poder, PT governou até hoje aliado ao PMDB e PP(antiga Arena), partidos que defendem escancaradamente pautas liberais e conservadoras, ou seja, a Direita (liberal e conservadora, unidas) . Agora PMDB (ainda o maior partido do Brasil) abandona o barco, deixando PT em uma situação difícil; eis o preço de aliar-se a representantes da classe burguesa e se distanciar dos interesses da classe trabalhadora. Não podemos esquecer que muitas vezes o PT traiu a classe trabalhadora ao defender interesses de banqueiros, grandes empresários e do agronegócio.

Precisamos lembrar, também, que há olhos estrangeiros atentos a esse jogo político no Brasil. O Brasil, que hoje faz parte do BRICS, através das ações de PT e PC do B no governo federal, travou acordos com Rússia e China para a criação de um banco internacional de desenvolvimento que superaria o FMI e Banco Mundial. Empresas chinesas ganharam o direito de explorarem , sob monitoramento da Petrobrás, importantes reservas de petróleo no leilão do pré-sal que ocorreu anos atrás. A China pretendia investir bilhões no Brasil em infraestrutura e construir uma grande estrada de ferro que cortaria a América do Sul , do pacífico ao Atlântico, passando pelo Brasil, isso fez com que os EUA apressassem um acordo comercial internacional com países da ásia e América Latina ("Tratado Transpacífico" )para fazer frente aos avanços chineses nessas regiões.
Há uma guerra ainda em curso na Ucrânia contra a Rússia (disputa pela Crimeia), sendo que a Ucrânia recebe apoio dos EUA e União Européia. Uma guerra é travada , também, na Síria, aliada da Rússia, onde rebeldes e até mesmo o Estado Islâmico recebem apoio oficial ou extraoficial (caso do Estado Islâmico) dos EUA.
Países árabes, com reservas de petróleo,  que antes eram aliados da Rússia, sofrem hoje com guerras civis ou são governados por regimes que assumiram o poder pela força, com auxílio bélico de EUA e União Européia. Tudo isso demonstra que vivemos um clima de nova guerra fria no mundo, apesar do fim da rivalidade entre blocos ideológicos "capitalismo x socialismo".
Há uma rivalidade entre potências econômicas e bélicas disputando o controle do mundo, e o Brasil é uma peça importantíssima nesse jogo, sem falar a já mencionada reserva de petróleo do pré-sal que é vista como "uma das maiores reservas descobertas nos últimos anos no mundo", como já destacado acima, e iniciativas do atual governo para equipar com melhores armamentos as forças armadas (construindo o primeiro submarino nuclear brasileiro e comprando novos aviões para a aeronáutica).

O mercado não está longe dessa trama política: algumas empresas capitalistas fizeram parceria com esse governo e com ele cresceram e despertaram a ira de suas concorrentes nacionais e internacionais..

Temos, então, um péssimo cenário de embate entre forças políticas no Brasil e um nebuloso cenário na geopolítica internacional.

Hoje traído por seus aliados de Direita, o PT agoniza, o Centro está em queda e   pode infelizmente abrir espaço para algo bem pior: uma Direitalha Liberal unida com uma Direitalha conservadora , a serviço de interesses estrangeiros, poderá assumir o vácuo deixado pela provável queda desse governo.

Precisamos construir uma alternativa realmente de Esquerda a tudo isso , arquitetarmos uma grande mobilização, por fora do sistema , nas bases, com os trabalhadores organizados, movimentos sociais, defendendo a causa da classe trabalhadora.
A informação, incitação ao pensamento crítico, formação política, enfrentar os discursos ideológicos da Direita, são armas imprescindíveis nesse momento, e uma aproximação entre todas as tendências da Esquerda Socialista (de marxistas a anarquistas) se faz urgente, pois, os ataques que podemos prever serão pesados.

Paulo Vinícius.
(Professor de Filosofia e Cientista Social )





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