quarta-feira, 5 de março de 2014

sobre uma "onda conservadora" no Brasil.

sobre uma "onda conservadora" no Brasil.

-Tem toda razão quem diz que o conservadorismo e a intolerância de direita há séculos esteve no palco político da história brasileira, porém, por alguns anos, "aparentemente", a direita conservadora tentou disfarçar o que realmente defende, com discursos menos agressivos e não tão escancarados, por alguns anos tentaram aliviar o discurso e não abrir totalmente, e sem pudor, a estupidez, nos meios de comunicação e no parlamento... Agora parece que voltaram a assumir, sem vergonha, algumas ideias retrógradas, sem meias palavras, declaram abertamente o que desejam , berram sem nenhuma tentativa de disfarce, nomeiam inimigos, distorcem termos , promovem a intolerância, buscam apoio na religião, recorrem a malabarismos teóricos para distorcer a história ( a mais recente modinha agora é dizer que nazismo é igual a comunismo); assumem felizes o capitalismo e promovem uma nova "caça as bruxas" contra a esquerda e movimentos sociais; tentam reconquistar parte da juventude (a nova chapa do DCE da UFRGS é um exemplo...) ; só falta agora, alguns voltarem a balançar uma bandeira com uma suástica estampada...
Desse ponto de vista há sim o "retorno de uma onda conservadora" no Brasil; ou seja, parece que estamos vendo um retorno ao passado, uma volta ao clima pesado de poucas décadas atrás... Basta observar debates em comunidades na internet, comentários em revistas,blogs ultra-conservadores, o número de pessoas que defendem a volta da ditadura e gritam que "bandido bom é bandido morto" , tentativas de fundar um partido pró-militares, tentativas de fundar um partido "anarco-capitalista" (uma grande piada!) e outras coisas parecidas; o aumento no número de seitas evangélicas , homofobia , repressão nas ruas contra manifestações , machismo escancarado em sites de internet, pastores investindo na política pra valer, deputados racistas e bitolados querendo desesperadamente controlar a "comissão de direitos humanos" e com apoio de muitos eleitores... Enfim, isso não está cheirando nada bem!

-mas, talvez, seja apenas mais uma questão de "aumento da possibilidade de divulgação de ideias e opiniões" através da internet, principalmente, o que faz com que toda a m... venha à tona sem censura...



P.Vinícius



Sobre "Golpes de Estado" e "revoltas populares " no Brasil (ou : "porque falar em "golpe comunista" no Brasil não faz nenhum sentido) .


Sobre "Golpes de Estado" e "revoltas populares "no Brasil (ou: " porque falar em "golpe comunista no Brasil" não faz nenhum sentido) .

- É possível um golpe de Estado sem o apoio ou "aval" do exército, no Brasil ?
Vamos fazer uma rápida e "superficial" análise:

-Mesmo que a maioria da população saia as ruas, apoiando um partido x em uma tentativa "aparentemente ilegítima" de tomada de poder, se as "forças armadas" não aceitarem esse processo, podem, com uso da força, aniquilar uma revolta de uma multidão "desarmada" ou equipada apenas com "paus , pedras e coquetéis Molotov" ; a situação poderia ser um pouco diferente, caso a população estivesse devidamente armada para um embate com o exército, mas, isso realmente não é o caso no Brasil. Agora, se a população, em sua maioria, apoiar a tomada de poder por um partido x, seria ilegítima "essa tomada de poder" ou ilegítima seria a reação contra tal ?

-Sem apoio do exército um "golpe de Estado" dificilmente pode ser consolidado por um grupo "desarmado" apoiado por uma "população desarmada", isso é muito improvável. A ex URSS acabou , pois, entre outros motivos, o exército vermelho permitiu isso, foi conivente com a "revolta" popular e por isso não houve nem mesmo derramamento de sangue, caso contrário, a situação teria sido muito diferente...

-No Brasil, quando escutamos a "direita conservadora, pseudo-nacionalista" e alguns milicos, nostálgicos da ditadura militar, falarem em "golpe comunista" do PT, só podemos rir diante disso:

Primeiro: é nítido que o PT está, há anos, se distanciando cada vez mais da esquerda (apesar de alguns avanços em algumas áreas sociais, se comparado a governos anteriores bem piores...) e , apesar do apoio de boa parte da população e parte da direita conservadora, também, (PMDB, Sarney, Maluf, Collor, alguns grandes empresários...) , o PT não tem, obviamente, o apoio de 100% do eleitorado brasileiro, aliás, as recentes manifestações nas ruas demonstram muito bem que há sim muita oposição de esquerda e de direita.
Segundo: se algum grupo poderia dar um "golpe de Estado" no Brasil, esse grupo teria que ser armado e muito bem armado, quem tem essa possibilidade são os militares, com o apoio da direita teriam boa parte da mídia e da população "de opinião conservadora e aqueles ingênuos seduzidos pela propaganda ideológica" .
-A única possibilidade de um partido como o PT dar um "golpe de Estado" mesmo já estando no controle do executivo, no Brasil, seria tendo o apoio do exército ou tendo uma "milícia" própria ( o que é absurdo , pelo menos não há informação sobre isso -risos-) . Se o PT tem o apoio do exército, aí sim a coisa pode ficar séria (isso na muito exagerada hipótese de que há uma intenção de segurar o "poder" na marra) , mas, se , como tudo indica, não é "bem por aí a coisa", se setores do exército estão reclamando do governo e falando de forma "curiosa" em "combate ao golpe comunista", então, isso na verdade sugere que não faz o menor sentido a direita berrar "estupidamente" que estamos na iminência de um "golpe comunista no Brasil"!!! Essa hipótese é totalmente risível e absurda! Como o PT daria um "golpe" sem o apoio do exército !?

-Vamos ser realistas: mesmo na hipótese de que alguém tente algo parecido com um "golpe comunista" (o que seria isso afinal? uma revolução socialista ? a "direita" nem mesmo sabe o que está falando quando "solta essas asneiras"...), sem armas e sem o apoio do exército isso seria inviável! Chegamos a conclusão que a direita brasileira (com provável apoio de setores das forças armadas) é muito "burra" e que ela sim é que deseja dar um golpe! Ou ainda , se militares realmente estão (como parecem, infelizmente) defendendo essa opinião de que "estamos na iminência de um golpe comunista no Brasil" , ou eles não entendem nada de estratégia de guerra (o que seria muito estranho), e política, ou eles estão muito "mal intencionados" (ou "entendem" a política e estão usando uma estratégia "maquiavélica" para tentar convencer parte da população da necessidade de alguma ação mais drástica, e nada desejável (péssima) para quem simpatiza com a "democracia") !

P.Vinícius.



terça-feira, 4 de março de 2014

Um novo rumo na luta ...



Ano passado, participamos e ajudamos a construir uma difícil e desgastante greve do magistério no RS. Infelizmente, por conta das estratégias "terroristas" do governo Tarso ( ameaçando corte de ponto, adiar promoções , tocando uma reforma do ensino médio "goela abaixo" dos professores...) e ações de algumas correntes petistas dentro do sindicato, nos primeiros dias a adesão à greve foi realmente baixa, mas, aos poucos, com muito esforço, conseguimos mobilizar mais professores nas escolas de Santa Maria e somar o apoio de pais e muitos alunos!
Em Porto Alegre professores grevistas foram atacados pela PM, com bombas de gás e balas de borracha, por protestarem contra um governo que, ainda hoje, há mais de "1000 e tantos dias", não cumpre uma lei federal !
Ironicamente, quando a justiça determinou que o governo estadual não podia cortar o ponto dos professores( o que poderia levar ao fortalecimento da greve), a direção do sindicato dos professores e as correntes petistas (essas obviamente pró-governo) se aliaram para, imediatamente, dar fim a greve, mesmo contra a vontade de boa parte dos professores grevistas (aqui em Santa Maria, por exemplo, a assembléia da qual participei, havia decidido dar continuidade a greve). Em Porto Alegre uma assembléia realizada abaixo de um "lonão" em um estacionamento, sob sol abrasador, serviu de palco para o desfecho lamentável, deprimente e desanimador da greve. De forma "muito estranha" a direção do sindicato conseguiu aprovar o fim da greve, apesar da maioria presente parecer ser favorável a continuidade.

-Como disse na época, quando a greve de 2013 acabou de forma ridícula, sem conquistas relevantes e sugerindo uma traição do sindicato: o que aconteceu serviu para enfraquecer o próprio sindicato e desanimar gravemente os professores que ainda acreditavam no poder de luta e mobilização da categoria, e tudo cheirou a "conchavo entre correntes partidárias" ! Agora, 2014, falam novamente em greve dos professores, mas, então , pergunto : Como vamos convencer novamente os professores que se dedicaram e gastaram tempo, paciência, energia e até dinheiro nas manifestações do ano passado, a aderirem mais uma vez a uma greve, sob razoável suspeita que a direção do sindicato possa vir a "dar para trás" na hora "h", entregando o "jogo" ao governo !? E pior ainda, como convencer os professores que não aderiram à greve ano passado a, dessa vez, unir forças nessa outra empreitada , depois do exemplo negativo que ficou?!

-Precisamos ser realistas, o que aconteceu ano passado foi uma grande mancada do sindicato sim! Mas, não vamos desistir de nossas reivindicações , muito menos abrir mão dessa ferramenta de luta que é o sindicato, por conta dos erros de alguns grupos apenas. O sindicato é dos professores!

-É preciso uma união entre professores que realmente se preocupam com a questão da educação pública e com a profissão de educador, independentes de partidos políticos e seus interesses estratégicos e ou ideologias duvidosas! Uma união entre educadores, estudantes e todos que compreendam a importância da educação como uma base para a transformação social! É preciso um novo movimento pela educação , um movimento de esquerda sim, porém, direcionado para a busca de autonomia, para a valorização do pensamento crítico , da democracia dialógica, de um socialismo libertário e não mais preso as "carcomidas doutrinas mofadas" de uma velha "esquerda" que já demonstrou amar mais ao poder e ao Estado do que a causa dos trabalhadores!

Paulo Vinícius (professor de Filosofia e Sociologia)