terça-feira, 4 de março de 2014

Um novo rumo na luta ...



Ano passado, participamos e ajudamos a construir uma difícil e desgastante greve do magistério no RS. Infelizmente, por conta das estratégias "terroristas" do governo Tarso ( ameaçando corte de ponto, adiar promoções , tocando uma reforma do ensino médio "goela abaixo" dos professores...) e ações de algumas correntes petistas dentro do sindicato, nos primeiros dias a adesão à greve foi realmente baixa, mas, aos poucos, com muito esforço, conseguimos mobilizar mais professores nas escolas de Santa Maria e somar o apoio de pais e muitos alunos!
Em Porto Alegre professores grevistas foram atacados pela PM, com bombas de gás e balas de borracha, por protestarem contra um governo que, ainda hoje, há mais de "1000 e tantos dias", não cumpre uma lei federal !
Ironicamente, quando a justiça determinou que o governo estadual não podia cortar o ponto dos professores( o que poderia levar ao fortalecimento da greve), a direção do sindicato dos professores e as correntes petistas (essas obviamente pró-governo) se aliaram para, imediatamente, dar fim a greve, mesmo contra a vontade de boa parte dos professores grevistas (aqui em Santa Maria, por exemplo, a assembléia da qual participei, havia decidido dar continuidade a greve). Em Porto Alegre uma assembléia realizada abaixo de um "lonão" em um estacionamento, sob sol abrasador, serviu de palco para o desfecho lamentável, deprimente e desanimador da greve. De forma "muito estranha" a direção do sindicato conseguiu aprovar o fim da greve, apesar da maioria presente parecer ser favorável a continuidade.

-Como disse na época, quando a greve de 2013 acabou de forma ridícula, sem conquistas relevantes e sugerindo uma traição do sindicato: o que aconteceu serviu para enfraquecer o próprio sindicato e desanimar gravemente os professores que ainda acreditavam no poder de luta e mobilização da categoria, e tudo cheirou a "conchavo entre correntes partidárias" ! Agora, 2014, falam novamente em greve dos professores, mas, então , pergunto : Como vamos convencer novamente os professores que se dedicaram e gastaram tempo, paciência, energia e até dinheiro nas manifestações do ano passado, a aderirem mais uma vez a uma greve, sob razoável suspeita que a direção do sindicato possa vir a "dar para trás" na hora "h", entregando o "jogo" ao governo !? E pior ainda, como convencer os professores que não aderiram à greve ano passado a, dessa vez, unir forças nessa outra empreitada , depois do exemplo negativo que ficou?!

-Precisamos ser realistas, o que aconteceu ano passado foi uma grande mancada do sindicato sim! Mas, não vamos desistir de nossas reivindicações , muito menos abrir mão dessa ferramenta de luta que é o sindicato, por conta dos erros de alguns grupos apenas. O sindicato é dos professores!

-É preciso uma união entre professores que realmente se preocupam com a questão da educação pública e com a profissão de educador, independentes de partidos políticos e seus interesses estratégicos e ou ideologias duvidosas! Uma união entre educadores, estudantes e todos que compreendam a importância da educação como uma base para a transformação social! É preciso um novo movimento pela educação , um movimento de esquerda sim, porém, direcionado para a busca de autonomia, para a valorização do pensamento crítico , da democracia dialógica, de um socialismo libertário e não mais preso as "carcomidas doutrinas mofadas" de uma velha "esquerda" que já demonstrou amar mais ao poder e ao Estado do que a causa dos trabalhadores!

Paulo Vinícius (professor de Filosofia e Sociologia)

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